o modo como vivi me confundiu com o que acontecia
viver era a transformação implacável de eu em nós
desde o início essa distância dentro de nós
um por não saber em que resultava
outro por não entender o que sucedia
um não era apenas personagem tampouco o outro documentarista
a memória fiel dos começos e o sabido atrativo dos fins
não firmaram quem era o mordomo de quem
de quem era a dívida ou a quem se servia
no chiaroscuro dos pronomes, estampado no meio da tela
vê-se agora um corte uma cicatriz
ou inversamente
um rasgo para a plateia
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▪ Marcos Siscar
( Brasil 🇧🇷 )
in “Isto não é um documentário”, Editora 7 Letras, Rio de Janeiro, 2019
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